domingo, 9 de setembro de 2007

p/ refletir um pouquinho...

Feriado com pai doente. Provavelmente, alguma intoxicação alimentar, nada muito sério, mas que preocupa qualquer filha. Depois de três dias passando mal, convenci o “bisteco” a ir ao hospital. E é sobre isso que quero falar, pq ficou entalado na garganta. Fomos ao hospital Panamericano, coberto pelo convênio. Passamos em média 3 horas, e entre consulta, medicação e exames, podemos descontar aí uma horinha só de espera entre uma coisa e outra. Meu pai estava razoavelmente bom, ou seja, conseguia andar, falar, etc. O que me chocou foi ver alguns idosos em cadeiras de rodas, esperando MUITO tempo para serem atendidos. E o pior: tenho certeza que essas pessoas não pagam pouco pelo convênio médico, na ilusão de terem um bom e rápido atendimento. Foi-se o tempo que convênio médico era certeza de bom e rápido atendimento. Aliás, lembro desde pequenininha meu pai falar: “Convênio médico é INPS pago”. Conversando com uma mãe, que ficou quase uma hora esperando atendimento para o filho que tinha tido uma convulsão, fiquei sabendo que ela foi melhor atendida em uma consulta no SUS.
Bom, como já fui ao hospital preparada para a espera, pelo menos uma horinha de soro, levei um livro p/ passar o tempo. O livro, que aposto que poucos conheçam, era “Henfil na China (Antes da Coca-Cola)”. Já li o livro algumas vezes e sempre me surpreendo com algo, ou tenho uma visão nova sobre o assunto. Bom, coincidentemente, enquanto esperava, o Henfil falava sobre uma comuna a qual tinha visitado e o mais bacana: a Casa de Respeito. A Casa de Respeito é uma espécie de casa de repouso para os idosos da comuna, que não tem mais família. Todos tem assistência médica gratuita, moradia, aposentadoria e entretenimento. Artistas vão visitar e fazer apresentações, e os idosos fazem diversas viagens e excursões pelo país. Como o livro é antigo, tem mais de 30 anos, nem sei se isso ainda acontece. Não faz diferença. Me deixou mais revoltada ainda sobre como os idosos são tratados por aqui. Se uma cena de dois velinhos em cadeira de rodas esperando atendimento em hospital PARTICULAR me deixou chocada, fiquei imaginando como me sentiria ao visitar um hospital da rede pública. Pior: esses velhinhos provavelmente gastam boa parte de sua aposentadoria pagando os convênios, ou seus filhos comprometem seu orçamento na ilusão de um certo conforto para os pais. Mas será que na prática o atedimento é TÃO melhor do que o da rede púbica, para que o preço seja tão alto?
Bom pensar no assunto...... Bom pensar sobre como tratamos os idosos. E não to falado só do governo não, to pensando nas atitudes do dia-a-dia mesmo..... fila de banco, lugar no ônibus, fila da padaria. Quando o senhor de 80 e poucos anos que está na nossa frente demora contando as moedinhas, ou conversando com a caixa em busca de um pouco de atenção temos paciência ou na hora pensamos “velho chato, devia ter ficado em casa?”. Qual a última vez que vc levou seus avós, ou até mesmo pais, para o cinema, teatro ou um simples passeio no parque? O problema é como NÓS enxergamos os mais velhos. Podemos até respeitar, no entanto nossa vida está sempre cheia de outras prioridades, e nunca sobra uma ou duas horinhas para ficar com eles..... que seja para ouvir suas histórias.